No último dia 26 de setembro, cerca de um mês atrás, o Banco do Brasil realizou um processo seletivo para preenchimento de vagas do cargo de escriturário e, pelo menos, cinco questões da prova se referiam à utilização de tecnologias em ambientes virtuais no trabalho.
Vejamos o enunciado de duas dessas questões da prova do Banco do Brasil:
1.Existem diferentes soluções tecnológicas baseadas em multimídia, que permitem a uma empresa difundir seus objetivos e valores, estabelecendo, assim, pontes com todos com quem interage. Podcasts representam uma dessas possíveis soluções. Os podcasts são caracterizados por serem armazenados no formato de
Aáudio, podendo ser baixados ou executados em serviços de reprodução de streaming.
Bbibliotecas, disponibilizando serviços via API específico para aplicações relacionadas a gaming.
Cimagens com alta qualidade, se estiverem armazenadas nos formatos de 24 ou 32 bits de cores.
Dnuvem, sendo adequados para utilização em redes sociais, enhancing UGC Video Sharing ou streaming.
Etelevisão, sendo transmitidos por streaming, mediante utilização do protocolo VoIP.2.O Google Drive é uma ferramenta que permite o armazenamento de arquivos na nuvem. Suponha que um usuário A tenha criado uma pasta no Google Drive para arquivos de um Projeto X qualquer. Para compartilhar essa pasta do Projeto X no Google Drive com outros usuários, a partir de uma estação de trabalho, é necessário: (continua com as opções que não foram registradas nesse texto)
Diante dessa constatação, vamos refletir sobre a diferença entre a forma com que as escolas, que são formadoras de cidadãos da geração da cibercultura, ainda insistem na formatação da sala de aula tradicional e, em contrapartida, as exigências do mundo do trabalho e das relações sociais que utilizam as TICs diariamente.
A sala de aula como um modelo de ensino padrão – professor/aluno – utilizando ferramentas tradicionais, como a lousa e algumas tecnologias (projetores, áudios, etc.), no intuito puramente expositivo, trabalha um processo de ensino estático e pouco atrativo; a geração de alunos que frequentam as escolas, hoje, aprendem ou buscam o
conhecimento em sites da web.
Os movimentos do comportamento dessa geração são de inclusão, compartilhamento, de acesso às redes de relacionamentos na busca de respostas, de produção coletiva; e essa dinâmica envolve a todos os sujeitos que vivem na cibercultura.
O fato é que adequar os processos pedagógicos às necessidades do mundo tecnológico contemporâneo não é mais uma simples retórica sobre o “futuro”, mas é uma necessidade real com a qual todos nós, educadores, temos que encarar como um fato concreto.
O momento histórico que o processo escolar, em todos os níveis, se deparou trouxe muitos desafios a serem vencidos. Talvez o maior deles seja o de entender que as TICs são ferramentas que auxiliam o processo de aprendizado e não o contrário. Afinal de contas, a escola serve à sociedade e não pode mais ficar à parte do fenômeno provocado pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação.
A maior pandemia de todos os tempos só escancarou, ainda mais, essa necessidade de nos prepararmos melhor, para continuarmos como os profissionais que estabelecem os rumos da educação escolar.
Estamos vendo as empresas tomando o lugar da escola na função de formadora de cidadãos. Isso se deve às exigências do mundo do trabalho que necessita de profissionais com o domínio das habilidades e competências dessas tecnologias; haja vista a prova do Banco do Brasil citada no início do texto.
A área da educação e, em especial, os estudos sobre a aprendizagem já apresentaram pesquisas sérias sobre o processo de ensinar e aprender em ambientes virtuais e de como se deve organizar o trabalho docente utilizando as TICs.
Como aprendemos no ambiente virtual? Que processos sinápticos são realizados e o que acontece com nosso cérebro (e conosco) durante a aprendizagem no AVA? Quais são os melhores caminhos que os docentes devem trilhar para auxiliar na aprendizagem dos alunos utilizando as TICs? São algumas das questões que, mesmo representando parte
de um quebra-cabeças, a ciência do desenvolvimento da aprendizagem já nos apresentou algumas respostas.
Conforme foi dito acima, considerando o contexto atual, onde as pessoas vivem em um espaço totalmente conectado, a utilização das tecnologias disponíveis como ferramenta educacional se tornou uma possibilidade viável e necessária.
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) tornaram o processo educativo mais imersivo e interessante, porém, ainda esbarram na falta de formação adequada dos profissionais da educação que ainda estão com dificuldades na utilização desses ambientes e ferramentas. Mas, talvez o maior problema que enfrentamos seja a do acesso à tecnologia e à internet da maioria de crianças e jovens em idade escolar e que a escola não pode resolver.
Eliminar, por completo, as amarras do presencial e a função do professor como sendo o mediador do processo de ensino-aprendizagem, é inviável e um contrassenso, uma vez que representaria negar que esse processo exige a confiança e interação entre o aluno e seu mestre. Ou seja, a questão é tão somente a de atender às necessidades desse momento histórico em que vive a sociedade contemporânea.
A neurociência já apresentou pesquisas afirmando que o espaço de parceria e de cooperação entre professores e alunos oportunizam os processos mentais, os quais são essenciais para a aprendizagem real. Felizmente, o momento atual é fértil, tanto no que se refere aos dispositivos tecnológicos, quanto nas possibilidades pedagógicas de interação e mediação em ambientes virtuais e híbridos.
Nossa reflexão teve o objetivo de chamar a atenção para esse momento em que a escola e seus profissionais precisam (re)afirmar sua missão e função como instituição construída pela sociedade e que tem o dever de servir à essa mesma sociedade, com respostas para as suas necessidades.
Esperamos, ainda, que os gestores de políticas públicas para a educação assumam, como sendo uma questão estratégica, a construção de uma escola que realmente atenda à sociedade contemporânea, promovendo uma formação docente adequada e facilitando a acessibilidade irrestrita às TICs pela população escolar.
Aprofunde-se no assunto vendo nosso vídeo disponível no link a seguir: https://youtu.be/vhvY_xN9reo.
Por: Solange Padilha